12.8.10

Welcome to the jungle baby!

               Desta vez vou apostar numa nova jogada. Decidi que já seria tarde demais para pisar o risco novamente, então decidi afastar-me. Assim o fiz; corri com todas as forças para o sítio mais distante que consegui, sem comida, água, ar ou amor.

                Fui eu, sozinha, no meio de animais. Duendes encantados também…

                Estava com medo, suja do terror dos dias que passavam e apreensiva em relação ao que se passaria a seguir, mas ali fiquei. Jurei não mais voltar atrás! E não voltei!

                Passei um frio imenso, horrível! Nesse momento pensei desistir, porque tinha-te apenas a ti, em memórias e recordações que faziam duas linhas brancas pela minha face escondida das marcas da terra que seria a minha almofada nessas noites, e da poeira que seria o meu mais longo protector dos dias de sol tórrido, que se tornava incómodo.

                A fome era um outro pesadelo, não havia nada que eu pudesse mastigar, só mesmo para enganar o estômago. Então, quando quase desfalecia na loucura e na solidão, quando me senti derrotada pela minha triste sina que era não te ter do meu lado, deitava-me e dormia… Dormia para esquecer, mas não esquecia confesso.

                Aprendi a caçar. Caçava pela raiva, pelo rancor, pela vontade que tinha de lançar o bico afiado da minha seta ao teu pescoço, caçava por prazer, para saciar a minha imaginação ao pensar que poderias ser tu, em carne e osso, mesmo à minha frente. Aproveitava todos os momentos para comer, obviamente. Em cada pedaço que mastigava agradecia a Deus, por hoje não seres de carne e osso, mas sim pele e osso, apenas.

                É sinal que as recordações ficam para trás, sou uma nómada sozinha, mas em busca da felicidade.

                Encontrei uma lagoa, finalmente! Posso deliciar-me num belo banho, que há muito tempo aguardava, água fresca a percorrer o meu corpo e a desinfectar cada uma das feridas que estavam já em cicatrização. Temi por mim, confesso. Temi ver a tua imagem nessa água, temi voltar a chorar de saudade, mas não!

                Vi-me a mim, mais forte e indomável que nunca, já sem vontade de voltar atrás, mas sim com fé em levar a viagem ao fim.

                Continuei, sozinha, de barriga vazia…

                Vi luz ao fundo, e pensei “acabou! Acabou tudo!”, mas não; uma dádiva desceu dos céus e deu-me um lugar ao Sol, um prémio por ter chegado ao fim, um prémio por toda a luta e esforço, um prémio pelo sangue e pela fome, mas sobretudo uma vitória pela luta!

                Hoje, já não és pele nem osso, não és nada! Mas obrigada… Sem ti não seria capaz de lutar, preferia morrer. Não por mim, mas por ti…

 

12.8.2010

Sarinha*

1 comentário:

  1. Anónimo16.8.10

    'Começa com welcome to the jungle ',e depois 'it's a long way to the top', mas mesmo assim 'you are the champion'. Podes continuar o caminho, porque o 'rock n roll train' leva-te a todo o lado, basta quereres, porque ' Friends will be friends ' e 'you're not alone in the rock zone'.

    I just totally rock you!


    Eu sou foda,
    JB

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