20.5.11

Tem de ser agora sem perder mais tempo, tenho de fazê-lo. Aproveito o facto de estar num sono profundo e sincero para me desviar de ti, só um bocadinho… Preciso de respirar o ar doce das estrelas que nos sobrevoam a cabana.

Vejo-te dormir, na nossa cama sem divisórias, como é tudo na nossa vida. Observo, mais longe, os copos de vinho erótico que nos trouxeram até aqui (realmente, foi um serão interessante, com muito para dar…). Deixo a camisa de veludo vermelho, que apela à provocação que te tenta na armário e, mais composta um pouco, abro a porta devagarinho.

Viajo pelos momentos que nos trouxeram aqui, hoje e agora, pelos momentos que me fazem amar-te como quem não sabe amar. O amor é ridículo, mas é por isso que te amo.

Somos ridículos.

Continuo a ver-te dormir, num leve respirar de quem agradece um sono divino, com uma mão no teu cabelo e a outra pendente sobre mim mesma. Gosto de ver-te, feliz. Deixo o jazz continuar a entrar nos nossos ouvidos, baixinho. Revejo memórias em papel, desde fotografias até promessas escritas, que me fazem pensar o quanto é bom gostar de ti, e quanto é bom gostar de nós.

O pó das recordações trazem-me lágrimas alegres, à muito suspensas em meus olhos. Não posso esconder o quanto preciso de te ver dormir, assim, com esse jeitinho de menino grande. Gosto de cozinhar para ti, e de quando me amarras com aquele toque subtil que me arrepia até à mais funda glândula do meu corpo. O marisco estava delicioso, mas repenso no que posso melhorar, só para ti.

Levanto-me, despenteada pelo vento e fecho a porta, ainda mais devagarinho. Despi o roupão e puxei o lençol, para voltar a deitar-me a teu lado. Tu acordaste, mas eu fiz-te adormecer, indefeso, contra o meu peito.

Sorri meu amor. É quando penso no início e na batalha, no sangue corrido em lágrimas que agradeço a quem me protege. É por tudo isto que te amo, mais um bocadinho hoje e um bocadinho maior amanhã.

20.5.2011

Sara

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